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03 dezembro 2010

Não desistir

Não temos o direito de desistir. Nem sempre as coisas são fáceis. No quadro sócio-económico em que vivemos actualmente pode ser que muitos se sintam tentados a desistir de acreditar e de esforçar-se por uma vida melhor. Por vezes, as resistências internas, dentro de si mesmo, que uma pessoa experimenta, são tentações para desistir de viver, de esperar, de lutar. Ocorre-me as palavras ditas por Jesus a Jairo, quando este recebe a notícia que a sua filha já tinha morrido e não havia mais razão para esperar um milagre. Afinal, não é a morte o fim de tudo, o soçobrar das esperanças e o encerrar da fé? Mas, o que diz Jesus a Jairo? Apenas estas palavras, simples mas cheias de esperança: "não tenhas medo", ou seja, "não desistas". Podemos sempre desistir e abrir mão das nossas esperanças, dos nossos sonhos, dos nossos anelos. Pode ser que as circunstâncias coloquem uma pressão enorme para desistirmos. Mas ainda assim, vale a pena continuar a acreditar, a esperar, a sonhar... a VIVER!

02 dezembro 2010

Atreve-te a pedir

Li há uns anos atrás um livro de Jack Canfield, "o factor aladino". A mensagem do mesmo era esta: atreve-te a pedir o que queres. Se puxarmos um pouco pelas nossas memórias de infância iremos lembrar-nos de como nesses tempos, pedir era natural e fácil para nós. Passávamos o tempo todo a pedir. Claro que as negativas eram proporcionais aos pedidos. Com a maturidade, aprendemos que não devemos pedir e que isso até nem calha bem. Deixamos de verbalizar os nossos pedidos. Contivemo-los dentro de nós. Achamos que temos que ser auto-suficientes. Deixamos de pedir atenção, ajuda, apoio, conselho, entre tantas outras coisas. Por vezes, deixamos de pedir, não por nos acharmos auto-suficientes, mas com medo de ser negado o nosso pedido, ou por acharmos que não merecemos, ou que ninguém repara em nós. Isto de sermos adultos é mais complicado do que parece. Jesus deixou-nos o caminho: temos que nos tornar como crianças para recebermos o reino de Deus. Lembro-me de uma passagem do evangelho de João, em que Jesus agradece ao Pai, dizendo: "obrigado, Pai, porque sempre me ouves". Fantástico! Jesus foi o homem mais maduro e completo, mas ao simultaneamente tinha aquela atitude fresca de criança, de expectativa e de espontaneidade para pedir ao Pai, e receber. Pede, pede com fé e com confiança, ao Pai, abre-te ao mistério do reino de Deus em ti, reino esse que é amor, paz e alegria no espírito. Abre-te ao milagre de viver a vida com espontaneidade, alegria e fé. "O que pedir, receberá", disse Jesus.

01 dezembro 2010

A jornada da vida

A vida é uma jornada e, como todas as jornadas, para que faça sentido, precisamos ter uma direcção, um destino, mas também uma rota, um percurso que nos faça chegar ao nosso destino. O apostolo Paulo expressa de uma maneira admirável esta dualidade de destino e percurso na jornada da vida: "Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia" (II Timóteo 4:6-8). O tempo de partir e de chegar ao seu destino, está próximo. Que tranquilidade e esperança nestas palavras. Não há medo nem inquietação. Fez-se uma jornada e, agora, essa jornada está prestes a chegar ao fim. O importante é que a jornada foi bem feita, foi vivida e realizada da maneira adequada: "combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé". Quando estamos quase a chegar ao fim de uma viagem longa, experimentamos dois tipos de sentimento: um, de intensa expectação e de alegria ao vislumbrar o nosso destino; o outro, de conforto, de satisfação, de paz consigo mesmo, porque se chegou ao fim, não se desistiu, não se baixou a guarda, não se abriram mão dos valores, manteve-se fiel a si mesmo. O destino é importante, porque afinal é ele que dá sentido à jornada; mas, a forma como chegamos lá, não é menos importante e determinante. A jornada da vida é para ser vivida e realizada com coragem, integridade, fé e um profundo sentido de solidariedade com todos os que connosco estão também nesta extraordinária aventura, que é viver.

Vencer é uma questão de atitude

Quem não quer andar de vitória em vitória? Quem não gostaria que a sua vida fosse um acumular de sucessos, de conquistas e de vitórias, sem nunca conhecer o sabor amargo da derrota e do fracasso? Bem, acho que todos já sonhamos com isso. A vida real é bem diferente da fantasia. Não há pós mágicos nem recursos secretos para sair sempre vencedor. Na passada segunda-feira, para os fãs de Mourinho, o treinador português do Real Madrid ( special one), foi com espanto que assistiram á derrota da sua equipa por 5 a 0 frente ao Barcelona. Por tanto? Humilhação? Bem, no final do jogo, Mourinho respondia: "Humilhação? Não. Foi a maior derrota. Nunca tinha perdido por 5-0, mas trata-se de uma derrota fácil de digerir, porque não houve possibilidade de ganhar. Não ficou sabor amargo". Vencer não é apenas - e certamente não é - não experimentar o fracasso e a derrota. Viver é jogar com momentos de vitória, conquista e celebração, mas como também com momentos de derrota, fracasso e decepção. E entre estes momentos existem os momentos do dia-a-dia, que nem são de vitória nem de derrota, são simplesmente momentos que vivemos, sem nada de especial. Vencer é acima de tudo ter a atitude certa diante da vitória e da derrota. Guardiola, o treinador da equipa do Barcelona, dizia nessa mesma altura, "hoje fomos melhores... agora é fácil dizer que somos os melhores. Agora é fácil dizer que somos os melhores, mas esta temporada já fizemos coisas distintas". Quando se tem a atitude certa, é-se sempre um vencedor, ganhe-se ou perda-se. Afinal, no grande jogo da vida há ainda muito para jogar. Uma vezes, ganhamos, outras vezes, perdemos, na maior parte das vezes, apenas vamos trocando a bola e fazendo as jogadas, procurando chegar ao golo. A atitude é a que faz de nós vencedores.


18 novembro 2010

Meditar na Palavra de Deus

Lemos na Bíblia que a pessoa feliz é aquela que tem o seu prazer na Palavra de Deus e que nela medita "de dia e de noite". As duas coisas andam juntas: o prazer e a meditação. O prazer que tenho na Palavra de Deus leva-me a meditar nela. Por sua vez, à medida que medito na Palavra, o meu prazer por ela cresce ainda mais. A meditação é como uma relação de amor: o prazer e a alegria crescem e tornam-se mais duradouros na medida em que nos entregamos a essa relação. O que me leva à meditação é o amor e o prazer que tenho na Palavra do meu Criador e do meu Deus. Quando estou diante da Sua Palavra, numa atitude contemplativa, suspendo a minha actividade intelectiva e inquiridora. Não procuro interpretar a Palavra. Venço a distância sujeito - objecto, própria do conhecimento racional. O conhecimento que se adquire na meditação é de outra ordem. Simplesmente, entrego-me à Palavra de Deus, permito que a Palavra seja o que ela é - a Palavra. Resisto à tentação de a interpretar, manipular, conhecer. Abraço-a e recebo-a tal como ela se me apresenta. Permito que a Palavra encontre e rasgue caminhos no meu coração, que levarão à minha transformação e ao meu crescimento pessoal.

14 novembro 2010

E se Deus não existisse?

Se Deus não existisse?

Pascal lançou o argumento - o célebre argumento - da aposta. Crer em Deus e obedecer-lhe é sempre melhor do que não acreditar. Se Deus existe, teremos a recompensa da vida eterna por termos crido nele. Se Deus não existisse, ainda assim teria valido a pena acreditar nele, pois a fé levar-nos-à a viver da melhor maneira, como pessoas honradas. Portanto, numa ou noutra situação, saímos sempre a ganhar. Crer na existência de Deus é uma aposta sempre ganha.

Claro que este argumento não satisfaz a nossa exigência intelectual e moral de certezas. Daí a sua falibilidade. Posso ser uma pessoa íntegra sem precisar de crer em Deus. Existem excelentes pessoas que não são crentes. Ser uma pessoa boa é uma questão de escolha pessoal, não de crença.

De qualquer forma, a pergunta é pertinente: e se Deus não existisse? Faria sentido a existência humana? Não ficariam a moral e a ética reduzidas a um mero acordo convencional, cuja autoridade derivaria meramente da força da maioria? Sem Deus não existe base para absolutos morais. Se Deus não existisse a vida humana ficaria mais pobre e limitada. Não teríamos lugar para a esperança. Viveríamos sem perspectiva de eternidade. Perderíamos a nossa dimensão transcendente. Essa mesma dimensão que nos distingue da animalidade e do meramente natural.

Como disse, um certo filósofo que proclamou a morte de Deus, ficaríamos sós no vastíssimo universo. Solidão terrível, angustiante e sem esperança.

27 outubro 2010

Afinal, Deus não morreu!

Nunca como nos últimos 30 anos, o debate sobre a existência de Deus foi tão intenso e intelectualmente tão estimulante. O que mostra bem como Deus nunca morreu, conforme chegou a ser proclamado por certos pensadores. Não, Deus não morreu, ou melhor, o tema da existência e da identidade de Deus não morreu. E não se pode dizer que isso se deva à religião. O debate está ao rubro nos círculos académicos e  nunca como agora se publicaram tantos e variados títulos sobre este tema. A questão da existência de Deus invadiu o espaço público. Não como algo que se impõe à consciência do indivíduo, obrigando-o a aderir à prática religiosa ou a rejeitá-la (aqui, lembremo-nos das sequelas da revolução francesa, sim, a tal da liberdade, fraternidade e igualdade), mas como algo que está aí, aberto ao debate e à adesão de fé. Os tempos que vivemos são fantásticos para uma pessoa decidir-se a fazer a jornada de descoberta da fé, pelo menos no âmbito da sociedade ocidental, onde a liberdade religiosa ainda é um dos valores fundamentais. Deus não morreu e nem pode morrer. Precisamos d'Ele. Afinal de contas, Ele é a causa primeira e única de existirmos. Como diz a Escritura: "nele nos movemos e existimos". A ausência ou a negação de Deus é a negação da própria dimensão espiritual e transcendente do ser humano, daquilo que faz que ele seja o que é, único, no âmbito do seres criados. 

26 outubro 2010

A questão da existência de Deus - 1

Estou a ler o livro de Antony Flew, Deus (não) existe, publicado pela Aletheia. Um texto interessantíssimo e que aborda uma questão velhíssima - a existência de Deus. Flew é (foi) conhecido pelo seu ateísmo filosófico. Recentemente, como ele diz, converteu-se ao teísmo. Cito as palavras do autor: "Gostaria de salientar que a minha descoberta do Divino se desenvolveu num plano puramente natural, sem qualquer recurso a fenómenos sobrenaturais... Em resumo, a minha descoberta do Divino foi uma peregrinação da razão e não da fé" (p. 87). Um dos meus professores de filosofia, na Faculdade, costumava dizer-nos, no seu jeito exuberante, que o grande problema da filosofia era apenas um: a existência de Deus. Se Deus existe, existem absolutos; se Ele não existe, tudo é relativo e passível de ser questionado. Por exemplo, se Deus existe - o Deus no sentido aristotélico, como ser pessoal omnipotente, omnisciente, infinitamente bom - a moral não poderá ser uma questão meramente do âmbito convencional. A existência de Deus leva-nos a buscar os princípios eternos da moral.

Assistimos ao recrudescer da questão da existência de Deus e não só do fenómeno religioso. A questão de Deus volta a ser colocada no âmbito onde sempre esteve e donde nunca deveria ter sido erradicada - o pensamento racional. Obviamente, pensar Deus não é mesmo a coisa que crer em Deus ou praticar uma fé. Pensar Deus é pensar a possibilidade e conteúdo do conceito racional de Deus. Isso é trabalho da inteligência, que deve ser feito com probidade e um sentido urgente de procura da verdade. Há aportes das ciências biológica e física que nos podem ajudar na reflexão e discussão da questão de Deus, mas é à filosofia que cabe a reflexão séria e inteligente na procura de esclarecer o mistério, sem contudo o dissolver.

Deus existe e a sua existência é a garantia de que a vida tem uma origem e tem um propósito.

22 outubro 2010

A mania de darmos a opinião

Um dos grandes problemas que temos é a mania de darmos ou de acharmos que temos que dar opinião sobre tudo e mais alguma coisa. É difícil resistir à tentação e à sedução de dar a nossa opinião. Opinamos sobre as decisões e opções do governo, sobre os culpados da crise actual, sobre os caminhos a seguir pelos governos para sair da crise... Opinamos sobre os nossos colegas de trabalho, sobre o que eles fazem e deixam de fazer, sobre a maneira como se comportam e vestem, e sobre tudo o mais que nos ocorrer e conforme o grupo... Opinamos sobre os nossos amigos, sobre a maneira como se vestem, sobre os seus hábitos de consumo (como somos especialistas nisto!!!!)... Enfim, somos seres de opinião e dificilmente achamos que podemos viver sem dar a nossa opinião. Convenhamos, esta mania de darmos opinião sobre tudo e todos tem sido, nos relacionamentos, um dos factores que mais contribui para o mal estar, os equívocos, os desentendimentos, os julgamentos dos outros, as suspeitas, a erosão dos relacionamentos, etc.. Não sei donde vem esta mania, mas suspeito que vem de uma visão exacerbada de nós mesmos e do nosso valor. Não nos damos conta do quão pouco sabemos e de como os nossos sentidos e as aparências são enganadores. Opinamos por vezes com tantas certezas que quase (pois, digo quase para aligeirar as coisas) nos julgamos com a omnisciência divina. Afinal, sabemos muito pouco e enganamo-nos muitas vezes. Nestas coisas, deveríamos não ir mais além do que a prudência, o bom senso, o amor e a inteligência recomendam. Jesus ensinou que o nosso falar, isto é, a nossa conversação deveria ser sim, sim e não, não, saindo das zonas nebulosas da opinião, do acho que, do penso que, parece-me, e por aí fora. Relembro as palavras do Mestre dos mestres: "Seja porém o vosso falar: sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna" (Mateus 5:37). Não acham que as coisas seriam muito melhores em simplesmente seguir este conselho do Mestre? Não é fácil, mas se tentarmos, cada dia podemos tornar-nos melhores pessoas e fazer deste mundo um lugar melhor para se viver.

21 outubro 2010

Segurança

O desejo de segurança - física, emocional, material - é um dos mais fortemente presentes no coração humano. A razão porque temos muita dificuldade em lidar com os tempos de crise e de mudança, prende-se com o facto desses tempos abalarem os alicerces sobre os quais assentamos as nossas vidas. Uma pessoa tem dificuldade de deixar o seu emprego e lançar-se num novo projecto profissional, porque não quer perder a segurança económica que o mesmo lhe dá. Queremos sentir-nos seguros... sempre. O problema está em pormos o foco no que é exterior. Procuramos a segurança nas coisas e nas pessoas que nos são externas: as circunstâncias, a família, o contrato de trabalho, o subsídio de desemprego, o que seja. Só que todas essas coisas são, também elas, efémeras, voláteis. Não são um bom fundamento para sentirmo-nos seguros. O sentimento de segurança é isso mesmo, um sentimento, um estado emocional, que criamos através dos nossos pensamentos. A forma como pensamos determinará o que sentimos. A verdadeira segurança é interna, é essa confiança gerada dentro de nós, que não depende nem de acontecimentos nem de pessoas. Depende isso sim da nossa relação com um Deus pessoal, amoroso, que se revela precisamente na interioridade do nosso ser, como o nosso Deus e o nosso refúgio. É essa relação com Deus - interna e pessoal - que tem o poder de desatar em nós o sentimento de segurança que nos leva a encarar os desafios da vida com confiança, ousadia e vontade de os abraçar e vencer.

19 outubro 2010

Saul e Sansão

Existem duas personagens na Bíblia assaz interessantes. Uma é Saul, o primeiro rei nomeado e aceite pelas tribos de Israel. A outra, é Sansão, uma espécie de super-heroi, com uma força descomunal para arrasar tropas inteiras, derrubar portas de cidades e carregá-las por quilómetros. Ambos têm a ver com oportunidades perdidas. Saul é claramente o exemplo de alguém que perdeu a sua oportunidade. Tornou-se o primeiro rei de Israel sem esforço. Simplesmente foi escolhido, as pessoas gostaram dele e sentiam-se seguras com a sua liderança. Mas falhou em realizar o propósito do seu reinado. Teve a oportunidade de deixar a sua marca na história, como um homem grande e de visão. Mas não, o que vemos é um homem inseguro, ciumento, sem visão de liderança. A sua história termina com uma morte sem glória e sem deixar qualquer legado espiritual. Já Sansão é outra história. Ele é outro exemplo de uma pessoa bafejada pela "sorte", diriam muitos. Forte, aliás, super-forte, másculo, determinado. Era popular como são as pessoas que se destacam do comum. A vida de Sansão foi um desperdício de força e de dons. Mulherengo, instável, mimado, acabou por nunca se afirmar como líder da nação. Era o incrível Hulk, chamado para dar cabo dos filisteus e impressionar com a sua força, mas sem estatura moral e espiritual para liderar quem quer que fosse. Todavia, Sansão, na hora da sua morte, toma consciência das oportunidades perdidas da sua vida. Podia ter feito tanto, com os imensos recursos que ele tinha, mas fez tão pouco. Pede a Deus que lhe dê mais uma oportunidade de realizar a sua missão de libertar Israel dos filisteus. É sincero. Quer, mesmo morrendo, cumprir a sua vocação de libertador. Deus ouve-o e devolve-lhe a sua força hercúlea, com qual derruba o templo pagão onde se encontra aprisionado, matando assim toda a liderança política e militar dos filisteus e matando-se a si mesmo, no acto. Com isto, desatou um momento para Israel libertar-se do jugo filisteu. A vida é feita de oportunidades e de momentos. Uns são aproveitados e dão fruto, trazem benefícios; outros, são desperdiçados, muitas vezes por a pessoa estar enredada no seu ego e nos seus prazeres. Nem todos são bafejados pela sorte, como Saul, nem dotados de recursos extraordinários, como Sansão, mas todos deparamos com oportunidades, janelas abertas no nosso hiato temporal, que podem abrir-nos dimensões de crescimento, realização e serviço extraordinárias. O importante é entrar por essas portas de oportunidade quando elas se abrem (ou quando somos nós mesmos capazes de as criar).

18 outubro 2010

Oportunidades

As oportunidades são portas que se abrem e que nos oferecem a possibilidade de realizarmos sonhos, superarmos limitações, transformarmos condições e dar um novo rumo às nossas vidas. Por natureza, as oportunidades são isso mesmo - oportunidades, momentos únicos, nos quais convergem diversos factores - pessoais e circunstanciais -  e que têm um período de vigência limitado. Tendem a esfumar-se, quando não aproveitados, mas a serem potenciados e a serem geradores de novas condições e estados, quando aproveitados. A acção inteligente, oportuna, pensada, decisiva e diligente é a condição incontornável para tornar as oportunidades em alavancas para sermos elevados a novos níveis de realização e felicidade pessoais. Que tal tornarmo-nos em detectores, potenciadores e realizadores de oportunidades? É que afinal elas são isso mesmo, oportunidades, momentos únicos, grávidos de possibilidades de mudança e de transformação.

01 outubro 2010

Há um futuro lindo de esperança

Existem momentos a vida de uma pessoa em que são mais as questões e a perplexidade que as acompanha, que as certezas e a confiança. Períodos de incerteza e de vulnerabilidade emocional. A pessoa sente-se como estando exposta e sem abrigo. Recebe a força dos ventos que sopram, sofre os rigores do tempo, sente-se perdida no meio do nada. Sem referências, sem horizontes, sem nada que alimente a esperança no seu coração. O que fazer em tempos assim, quando as certezas não passam de miragens e os sonhos deixaram de ser sonhados? São noites de escuridão, sem o consolo das estrelas e o encanto do luar. As noites sem estrelas e sem luar vêm às nossas vidas e vêm quando menos as esperamos. Num momento, impotentes, experimentamos a escuridão a cercar-nos e a envolver-nos. Lutamos para que essa escuridão não se apodere da nossa alma. Queremos mantê-la fora de nós. Porque sabemos que a pior escuridão é a que se apodera da alma. Quem ou o quê poderá iluminar as trevas da alma? Onde estará a luz que poderá dissipar as trevas da desesperança, do medo, da dúvida, da angústia? É então que posso ouvir as palavras da Escritura: "porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações..." (2.ª Coríntios 4:6). Que a Luz do amor divino ilumine as nossas almas, inundando-a de esperança, de gozo e de paz. Há um futuro lindo de esperança à nossa frente.


13 junho 2010

Descansar

Guardar o sábado como dia de descanso é um dos Dez Mandamentos. O que isto nos diz é que o descanso deve ser encarado como um dever e não apenas uma necessidade. Precisamos de criar na nossa semana de trabalho o espaço em que podemos descansar. Um descansar que não é simplesmente ficarmos sem fazer nada, antes um tempo dedicado a suspendermos as nossas actividades profissionais e a dedicarmo-nos a outras actividades, também elas importantes e necessárias, para o nosso equilíbrio e vitalidade interiores. Actividades tais como: estar com a família e conviver com os nossos familiares, dedicarmo-nos ao cultivo da nossa inteligência, lendo e meditando, estarmos com amigos e companheiros, enriquecendo a nossa vida social. Mas também dedicando-nos à adoração e ao cultivo da nossa vida espiritual, através da celebração com a nossa comunidade de fé. Nos dias de hoje precisamos de lembrar-nos disto e voltar aos Dez Mandamentos, também nisto.

12 junho 2010

Fé em tempos de crise

Por todo o lado se fala e se escreve acerca da crise financeira, económica e social que afecta o mundo e, em particular, o nosso país. O medo, a ansiedade, a frustração e a revolta fazem-se sentir nas conversas de amigos e colegas, nos artigos de opinião publicados na imprensa, nas notícias e nos comentários passados nas televisões, nas opiniões dadas nas redes sociais e nos blogues na Internet. Estamos a viver uma época nova e de muitos sobressaltos. De repente, sentimos como que os fundamentos sobre os quais construíamos as nossas vidas e alicerçávamos as nossas esperanças e expectativas, se mostraram demasiadamente frágeis para nelas podermos em consciência continuar a apoiar-nos. Os governos, um pouco por todo o mundo, estão perplexos e procurando a melhor forma de lidar com uma crise que ninguém sabe como lidar com ela. Uma coisa é certa: o nosso mundo está a mudar, as coisas não voltarão a ser as mesmas. Estamos colocados diante de desafios totalmente novos e, usando as palavras de Deus na Bíblia quando fala ao povo de expatriados judeus fugidos do Egipto, "por este caminho nunca andaste antes". Este é caminho novo. Não sabemos o que está adiante e nem aonde nos leva. Apenas sabemos isto: teremos que viver dia a dia, etapa a etapa, jornada a jornada, tal como os judeus no seu êxodo. Agora sim, é tempo de viver sem presunção e começar a viver com a fé. Somente a criatividade, a força e a paixão da fé em Deus nos poderão sustentar e inspirar a enfrentar e a superar estes tempos difíceis.

28 janeiro 2010

Conviver com a incerteza

Quando vinha para o escritório (isto é o que faz vir a pé) pensei que viver é conviver com a incerteza. Gostamos de certezas e estas dão-nos segurança. Todavia, na vida, são mais as incertezas e é mais a margem de incerteza na nossa jornada, do que aquilo que gostamos de pensar ou admitir. Temos muita pouca coisa como certa. Temos como certo o que experimentamos no momento. A partir daí entramos no domínio das incertezas. No entanto, a incerteza não é um mal, mas ela tem em sim um tremendo potencial criativo, que nos arranca do domínio do conformismo, do dar as coisas como certas e deixarmo-nos de esforçar e de criar. A incerteza dá-nos margem para o exercício da criatividade, mas também para o dá fé. Viver é crer. Mas sobre isso, falarei noutra ocasião.