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18 novembro 2010

Meditar na Palavra de Deus

Lemos na Bíblia que a pessoa feliz é aquela que tem o seu prazer na Palavra de Deus e que nela medita "de dia e de noite". As duas coisas andam juntas: o prazer e a meditação. O prazer que tenho na Palavra de Deus leva-me a meditar nela. Por sua vez, à medida que medito na Palavra, o meu prazer por ela cresce ainda mais. A meditação é como uma relação de amor: o prazer e a alegria crescem e tornam-se mais duradouros na medida em que nos entregamos a essa relação. O que me leva à meditação é o amor e o prazer que tenho na Palavra do meu Criador e do meu Deus. Quando estou diante da Sua Palavra, numa atitude contemplativa, suspendo a minha actividade intelectiva e inquiridora. Não procuro interpretar a Palavra. Venço a distância sujeito - objecto, própria do conhecimento racional. O conhecimento que se adquire na meditação é de outra ordem. Simplesmente, entrego-me à Palavra de Deus, permito que a Palavra seja o que ela é - a Palavra. Resisto à tentação de a interpretar, manipular, conhecer. Abraço-a e recebo-a tal como ela se me apresenta. Permito que a Palavra encontre e rasgue caminhos no meu coração, que levarão à minha transformação e ao meu crescimento pessoal.

14 novembro 2010

E se Deus não existisse?

Se Deus não existisse?

Pascal lançou o argumento - o célebre argumento - da aposta. Crer em Deus e obedecer-lhe é sempre melhor do que não acreditar. Se Deus existe, teremos a recompensa da vida eterna por termos crido nele. Se Deus não existisse, ainda assim teria valido a pena acreditar nele, pois a fé levar-nos-à a viver da melhor maneira, como pessoas honradas. Portanto, numa ou noutra situação, saímos sempre a ganhar. Crer na existência de Deus é uma aposta sempre ganha.

Claro que este argumento não satisfaz a nossa exigência intelectual e moral de certezas. Daí a sua falibilidade. Posso ser uma pessoa íntegra sem precisar de crer em Deus. Existem excelentes pessoas que não são crentes. Ser uma pessoa boa é uma questão de escolha pessoal, não de crença.

De qualquer forma, a pergunta é pertinente: e se Deus não existisse? Faria sentido a existência humana? Não ficariam a moral e a ética reduzidas a um mero acordo convencional, cuja autoridade derivaria meramente da força da maioria? Sem Deus não existe base para absolutos morais. Se Deus não existisse a vida humana ficaria mais pobre e limitada. Não teríamos lugar para a esperança. Viveríamos sem perspectiva de eternidade. Perderíamos a nossa dimensão transcendente. Essa mesma dimensão que nos distingue da animalidade e do meramente natural.

Como disse, um certo filósofo que proclamou a morte de Deus, ficaríamos sós no vastíssimo universo. Solidão terrível, angustiante e sem esperança.