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19 outubro 2010

Saul e Sansão

Existem duas personagens na Bíblia assaz interessantes. Uma é Saul, o primeiro rei nomeado e aceite pelas tribos de Israel. A outra, é Sansão, uma espécie de super-heroi, com uma força descomunal para arrasar tropas inteiras, derrubar portas de cidades e carregá-las por quilómetros. Ambos têm a ver com oportunidades perdidas. Saul é claramente o exemplo de alguém que perdeu a sua oportunidade. Tornou-se o primeiro rei de Israel sem esforço. Simplesmente foi escolhido, as pessoas gostaram dele e sentiam-se seguras com a sua liderança. Mas falhou em realizar o propósito do seu reinado. Teve a oportunidade de deixar a sua marca na história, como um homem grande e de visão. Mas não, o que vemos é um homem inseguro, ciumento, sem visão de liderança. A sua história termina com uma morte sem glória e sem deixar qualquer legado espiritual. Já Sansão é outra história. Ele é outro exemplo de uma pessoa bafejada pela "sorte", diriam muitos. Forte, aliás, super-forte, másculo, determinado. Era popular como são as pessoas que se destacam do comum. A vida de Sansão foi um desperdício de força e de dons. Mulherengo, instável, mimado, acabou por nunca se afirmar como líder da nação. Era o incrível Hulk, chamado para dar cabo dos filisteus e impressionar com a sua força, mas sem estatura moral e espiritual para liderar quem quer que fosse. Todavia, Sansão, na hora da sua morte, toma consciência das oportunidades perdidas da sua vida. Podia ter feito tanto, com os imensos recursos que ele tinha, mas fez tão pouco. Pede a Deus que lhe dê mais uma oportunidade de realizar a sua missão de libertar Israel dos filisteus. É sincero. Quer, mesmo morrendo, cumprir a sua vocação de libertador. Deus ouve-o e devolve-lhe a sua força hercúlea, com qual derruba o templo pagão onde se encontra aprisionado, matando assim toda a liderança política e militar dos filisteus e matando-se a si mesmo, no acto. Com isto, desatou um momento para Israel libertar-se do jugo filisteu. A vida é feita de oportunidades e de momentos. Uns são aproveitados e dão fruto, trazem benefícios; outros, são desperdiçados, muitas vezes por a pessoa estar enredada no seu ego e nos seus prazeres. Nem todos são bafejados pela sorte, como Saul, nem dotados de recursos extraordinários, como Sansão, mas todos deparamos com oportunidades, janelas abertas no nosso hiato temporal, que podem abrir-nos dimensões de crescimento, realização e serviço extraordinárias. O importante é entrar por essas portas de oportunidade quando elas se abrem (ou quando somos nós mesmos capazes de as criar).

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