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01 agosto 2011

Coisas que aprendo com a crise - 2

Com a crise aprendo a ser flexível. Esta não é uma das minhas qualidades, nem possivelmente a de muitos, particularmente quando somos pessoas de convicções e determinados a alcançar aquilo em que acreditamos. Gostamos de seguir a rota e atingir os objectivos que estabelecemos previamente. Não nos importamos de contornar os obstáculos nem de forcejar as montanhas que surgem no nosso caminho. Normalmente, não temos problemas em rever-nos nas palavras de Jesus que todo o que acreditar poderá dizer às montanhas (obstáculos, oposição, resistências) que saiam do nosso caminho, e isso acontecerá. Quando surgem as crises existenciais ou enfrentamos crises económicas e sociais, como a que vivemos actualmente, as coisas mudam de figura. De repente, damo-nos conta que por mais fortes que sejamos, a crise que está diante de nós não pode ser contornada nem confrontada. Terá que ser vivida. Vamos ter que passar por ela, gostemos ou não, queiramos ou não. Em tempos de crise, tornamo-nos aprendizes da flexibilidade, dessa arte de saber encontrar novos caminhos, abrindo mão dos caminhos antigos, novas soluções, tendo a coragem de largar aquelas em que acreditávamos e julgávamos as melhores. Aprendemos a gerir melhor os nossos relacionamentos, pessoais e profissionais. Agora, esta é uma dança em que nem sempre somos nós o elemento que conduz a dança. Aprendemos a ser flexíveis na gestão do nosso tempo, assim como das nossas responsabilidades pessoais, familiares e profissionais. Os horários nem sempre são estáveis e certos. Há um certo caos que se instala no dia-a-dia e para o qual precisamos de uma certa flexibilidade para gerir e saber traçar uma rota que nos ajude a chegar a algum lado. Temos que saber ser flexíveis em relação às nossas expectativas. Os tempos e as condições agora são outros. Por vezes, continuamos a manter as expectativas que tínhamos antes dos tempos de crise. O que só faz com que a frustração se apodere de nós, ou, se não for esta, o entregamo-nos ao escape da fantasia. Flexibilidade é, sem dúvida, uma das coisas que aprendo a cultivar e a usar nos tempos de crise, como este.

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